quarta-feira, 19 de maio de 2010

cross-eyed-bear


If you push me I'll fall,
If you pull me I'll drown,
If you're gonna be nailin' me down,
I won't rise again

E eu quero que você se lembre
da parte que não pôde mudar em mim
Porque quando eu me fui, você me pediu que voltasse
Quando eu mudei, você disse que não era o que queria
Quando eu me vi sem rumo, você não estava lá para me guiar
Eu me perdi sem ninguém que me procurasse.

Você me arranhou, levou pedaços embora, desfez minha alma
Minha força se fez fraca, e a lua não me fez sã
Na suas molduras eu me via diferente, indiferente
Sua mente me desenhava enquanto suas mãos traçavam o contorno
As cores vinham das minhas palavras
E mais uma vez apaguei aquela lembrança.

Enquanto esperava poder levantar novamente.

Porque eu não sou Deus. E nem sua.

cut that city

Ela entrou no quarto, andou até a beirada da cama e se sentou. O barulho que vinha de fora chamou sua atenção por alguns segundos. Carros passando, pessoas falando, uma cigarra cantava. E em um segundo entrou em transe. Por que vivia aquela mentira? Por que se deixou levar? Porque permitiu que toda sua vida mudasse de rumo por um sentimento tão devastador, fraco, imediato?

Eram 3 horas da manhã. O silêncio tomava conta do espaço. Cada vez menos carro, menos pessoas falando e o mesmo som contínuo do canto da cigarra. Seus pensamentos ferviam. Ela parava para tomar fôlego antes de se afundar novamente no mar de emoções. Raiva, tristeza, amor, paixão. Onde ele estaria a essas horas? Novamente ele preferiu fugir a se despedir de mais um amor inacabado.

Antes fosse ela quem tivesse se desculpado pelos erros cometidos. Antes fosse ela quem tivesse desistido. Agora restava a dor, acompanhante da solidão. O canto da cigarra parou. Sua cabeça tombou contra os travesseiros. Os olhos fechavam enquanto as lágrimas escorriam. Era o fim de um momento. Como tantos outros momentos. Como tantos outros que mentem. Ela mentiu, se enganou e dormiu. Acordou preparada para uma nova verdade.