segunda-feira, 21 de março de 2011

queen bee

E a cada trago puxava todos os pecados e sinas daquela alma corrompida que ali foi parar desfeita em cinzas nas mãos do carrasco. Flutuava como névoa descendo até o cinzeiro, agora já liberta. Outra alma encontrava paz no quarto cigarro seguido, até o décimo quinto seriamos uma legião de assassinos vingando a indústria tabaqueira e entregando o fardo ao túmulo.

Já quase no fim, você sente o calor se aproximando das mãos, o cheiro forte que exala a cada suspirar e o toque aveludado se tornando úmido. Tal como a perfeição, você assiste o tempo ruir o que antes existia e agora só vive em sua mente e na fumaça que escapa e se desenha no ar.

No fim da tarde éramos mártires. As cinzas e corpos vagavam no mar de podridão, enquanto as almas impregnavam nossas mãos, roupas e cabelo. Mais uma noite de corações puros, mentes leves e pulmões encardidos. Mas a sujeira libertava e logo o dever nos chamaria para mais uma caixa de almas impuras.