quinta-feira, 9 de setembro de 2010

ódio vago, vago ódio

E que se fodam você e suas virtudes. Vá pro inferno com sua falsa segurança e as palavras que ousa dizer a cada vez que os limites são ultrapassados. Minhas barreiras caem e só há lágrimas aqui para se ver, nenhum sentimento a constatar. Como queria eu saber que metade do teu vago discurso serviria para me apunhalar na primeira oportunidade, cuspido na minha cara como quem pediu para que isto acontecesse. Santa ingenuidade, fruto da ignorância de poucos amores, tempo gasto e dedicação. Lixo, jogue tudo fora junto da podridão que carrega em teu coração, só assim me sentirei livre do teu poder sobre mim, das tuas mãos a minha procura e da memória do teu rosto, que por tantas vezes significou algo em que eu acreditava. Dissolva tuas dúvidas, coloque um fim. Antes que seja tarde demais para isso e você vire novamente o cretino que eu relutei em acreditar que você algum dia tenha sido.

domingo, 15 de agosto de 2010

and when i'm alone

Eu tenho medo de escrever. De transforma em letras os pensamentos e me decepcionar com o resultado. Ando não sentindo nada. O vazio de sentimentos, vontades e gosto. Perdida naquele mar de referências e opiniões que me dividem, me fazem pensar e decidir meu rumo. Mas, antes de tudo, o que me preocupa é o não sentir.

Enquanto tudo acontece, pessoas passam, universos inimaginados se aproximam, conversas no frio e cigarros são compartilhados, a vida parece ir passando. Meus altos e baixos são planos e correm calma e lentamente cruzando o fundo quadriculado em direção a lugar nenhum. Só a mesma reta e som que me levam a lugares conhecidos.

Músicas, cheiros, gostos. A mistura enriquece minha alma. Minhas mãos continuam frias a maior parte do tempo. As unhas sempre coloridas. Os mesmos problemas, as nem tantas qualidades. Procurei por esse momento e tive medo de vê-lo chegar. Agora danço lentamente ao som de novos acordes.

Eu estava errada.

(and when i'm alone with you) you make me feel

And when the phone rang and I thought it was you and I sprung like a kid who just got out of school but its almost, always never you, never you. I scream like child, my insides when woah

Você me faz sentir. Quando eu estou sozinha com você, me faz sentir única. Quando está por perto, minhas mãos a sua procura buscam segurança. Aos seus toques, eu sinto. Você é aquele.

Que me faz sorri dançar me abraça e me guia ao som da tua voz brinca com meus cabelos enquanto me quer foge quando eu quero sabe se aproximar se afastar sussurra ao meu ouvido frases que só eu entendo se ilumina na sombra dos meus passos direciona meus caminhos. Me quer e quer.

Meu bem, me faço de crianças e pinto tuas cores na tela em branco e ao sonhar te vejo em meu quarto esperando pelo beijo. Que sempre chega ao pedido mais envolvente. Como resistir?

Não faço sentido em sua cabeça? Me deixe imaginar que sim.

terça-feira, 22 de junho de 2010

cold water

- Oh, God, why weren't you there, in Vienna?
- I told you why.
- Well, I know why, I just - I wish you would have been. Our lives might have been so much different.
- You think so?
- I actually do.
- Maybe not. Maybe we would have hated each other eventually.
- Oh what, like we hate each other now?
- You know, maybe we're - we're only good at brief encounters, walking around in European cities in warm climate.


Às vezes acho que seu excesso de segurança é minha culpa. Te faço certo demais dos seus sentimentos, te deixo por demais a vontade com os meus. Penso que deveria agir diferente, deveria ser uma inconstante na sua vida, te fazer infeliz, incerto e apaixonado. O amor simples e fácil se perde com o tempo, a paixão te devoraria e te faria se esforçar. Será? Ainda custo a acreditar.

É necessário ir tão longe para que você seja capaz de provar o mínimo de amor que sente por mim? Mínimo, que palavra deprimente. E, no entanto, é a única que consigo encaixar na situação, na nossa situação. Não desejei que fôssemos esse casal e que detalhes patéticos me fizessem tão triste. Pois toda a sua confiança só se reflete como fraqueza em mim. E enquanto sou obrigada a ser forte e perseguir tentando e me esforçando, te vejo decair dia após dia.

Fico triste, me revolto com a situação, e para quê? Meia dúzia de palavras trocadas, uma porção de lágrimas e meus erros surgindo como foco da discussão em que eu pretendia ser dona, verdadeira, mas que novamente foi usurpada pelo seu senso de direção.

Pobre garota fadada a se afogar em suas próprias palavras antes que possa fazê-las serem ouvidas. Dia após dia, acumulando frases, pensamentos e dúvidas.

(Antes do fim.)

sexta-feira, 11 de junho de 2010

dogma

I blame everyone else, not my own partaking
My passive-aggressiveness can be devastating
I'm terrified and mistrusting
And you’ve never met anyone
as closed down as I am sometimes

Sabe aquela música? Já a ouvi tantas vezes, sempre achando que ela faz todo o sentido. Porque é bem por ai, eu posso ser o que você quiser, eu sou o que eu quero, nos momentos que eu quero, e posso também ser aquilo que você não quer. Posso ser a vadia maior e chutar os seus móveis enquanto grito mil palavrões por você não ter feito do modo como eu pedi. Posso ser a garota mais carinhosa e passar horas deitadas ao seu lado sentindo seu cheiro ao te observar.

Sou daquelas briguenta quando mexem com meus amores, daquelas mandonas quando há injustiça naquilo que vejo, daquelas insanas que não medem as palavras só para te ferir e te deixar mal. Mas... posso ser doce e ouvir sobre seu dia enquanto te preparo um café e dividimos o cigarro. Posso chorar a cada vez que me acho errada e não consigo me expressar. Sou orgulhosa, isso sempre foi um problema. Assim como também foi um problema deixar de ser. Me perdi quando assim o fiz. O tenho de volta, meu orgulho, agora.

Posso discutir economia, política e filosofia, expressar todos os meus pontos de vista, concordar, discordar. Posso pular de alegria ao ouvir uma música nova que me surpreenda, posso tecer mil elogios para aquele seriado ou filme bobo que vi noutro dia, querer correr para o shopping e aquietar meu lado consumista que às vezes aflora, apesar do peso na consciência e arrependimento póstumos.

Eu grito, falo baixo, choro e rio. Tudo em questão de segundos. Posso te mimar ou te ofender, dependendo do que você preferir, se é que me entende. Você poderá me usar ou não, às vezes eu também gosto de opções (na maioria das vezes não, levo tempo demais para me decidir).

E você continuará me escolhendo no final. Assim ou não. Desse jeito ou outro. Porque essa sou eu e assim você me verá, sempre, e aceitará. Com ou sem biscoitos na cama. Com ou sem meu corpo no seu. Com ou sem meu cheiro nos seus dias.

Assim será.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

cross-eyed-bear


If you push me I'll fall,
If you pull me I'll drown,
If you're gonna be nailin' me down,
I won't rise again

E eu quero que você se lembre
da parte que não pôde mudar em mim
Porque quando eu me fui, você me pediu que voltasse
Quando eu mudei, você disse que não era o que queria
Quando eu me vi sem rumo, você não estava lá para me guiar
Eu me perdi sem ninguém que me procurasse.

Você me arranhou, levou pedaços embora, desfez minha alma
Minha força se fez fraca, e a lua não me fez sã
Na suas molduras eu me via diferente, indiferente
Sua mente me desenhava enquanto suas mãos traçavam o contorno
As cores vinham das minhas palavras
E mais uma vez apaguei aquela lembrança.

Enquanto esperava poder levantar novamente.

Porque eu não sou Deus. E nem sua.

cut that city

Ela entrou no quarto, andou até a beirada da cama e se sentou. O barulho que vinha de fora chamou sua atenção por alguns segundos. Carros passando, pessoas falando, uma cigarra cantava. E em um segundo entrou em transe. Por que vivia aquela mentira? Por que se deixou levar? Porque permitiu que toda sua vida mudasse de rumo por um sentimento tão devastador, fraco, imediato?

Eram 3 horas da manhã. O silêncio tomava conta do espaço. Cada vez menos carro, menos pessoas falando e o mesmo som contínuo do canto da cigarra. Seus pensamentos ferviam. Ela parava para tomar fôlego antes de se afundar novamente no mar de emoções. Raiva, tristeza, amor, paixão. Onde ele estaria a essas horas? Novamente ele preferiu fugir a se despedir de mais um amor inacabado.

Antes fosse ela quem tivesse se desculpado pelos erros cometidos. Antes fosse ela quem tivesse desistido. Agora restava a dor, acompanhante da solidão. O canto da cigarra parou. Sua cabeça tombou contra os travesseiros. Os olhos fechavam enquanto as lágrimas escorriam. Era o fim de um momento. Como tantos outros momentos. Como tantos outros que mentem. Ela mentiu, se enganou e dormiu. Acordou preparada para uma nova verdade.