terça-feira, 30 de março de 2010

[insert] pandora

e que não me venham falar da dor e de sua beleza. pois só assim a vê, quem não sente. enquanto glorificada desgraça a vida alheia, que teme em sentir a paixão resumida na palavra. pois não há significado para três letras que te tiram a paz. mais triste é aceitar que o resultado da fórmula para evitá-la, a única forma de não sucumbir a dor, seria a esperança esquecida entre os sofrimentos. no entanto, minha fé se faz fraca e talvez o que me mantenha sã seja somente a revolta contra o amor.

28.04.08

quinta-feira, 11 de março de 2010

[insert] pretérito perfeito

O fardo de abrir os olhos me tortura. Nos minutos em que encaro a realidade me perco pelas vielas do real. Não sei andar pelo asfalto, desconheço o som da cidade, não respiro o mesmo ar dos que cruzam meus passos. Minha estrada é outra. Em algum ponto de minha vida fiz a escolha errada, segui pelo caminho contrário à sociedade. O escuro não me pareceu mais atraente, o desolado, o inconseqüente. Optei pelo meu vazio, meu claro vazio, este em que eu posso escrever e dar o rumo que seguirei. Pois só desse modo controlo minhas pegadas e prevejo os acontecimentos. Todos eles criados momentaneamente. Eu decido o trilhar. Nas minhas histórias posso não saber o passo a dar, mas em minha realidade, tudo o que encontrar, levará ao o meu fim. Adianto-o: aqui o tens.

04.05.08

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

retorno

E de repente acordo e a vontade de colocar tudo em palavras se torna tão forte que me vejo prestes a explodir por tentar mantê-las dentro daquele pequeno espaço. Se não fossem memórias, talvez o local não fosse minha mente. Se não fossem lembranças, talvez não fosse tão difícil recordá-las. Se não fosse realidade, talvez não doesse tanto.

Mais uma vez guardei as para mim, com medo do caminho que tomariam ao deixá-las escaparem e me guiarem. O passado foi tortuoso e ainda sinto as cicatrizes em certas palavras. No meio de um filme, uma música, um livro. Certas frases acompanham a repentina coragem. Não se esquece como escrever, apenas impedimos que realidade e ficção se misturem . Por isso o tempo e não a falta de capacidade.

Esperei por um momento que pudesse despejar tudo o que se enrola e se confunde aqui dentro, adiando o momento sempre que ele pareceu oportuno. Culpei os detalhes. Enfim, me entrego a persistência da vontade e enquanto escrevo o peso se desfaz. Desaparece junto às lágrimas que guardadas me faziam forte. A fraqueza é tão mais honesta.

Os intervalos serviram para amadurecer idéias, ou melhor, calar aquelas que não deviam ser ouvidas. No calor da batalha é mais fácil ferir. Chega de cicatrizes pra mim. Me calo diante dos fatos e escrevo frente a recusa. Um dia sim, muitos outros não, assim funcionou. Continuo culpando a racionalidade e acreditando que dessa forma é mais simples. Ou deveria.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

(republicado) das coisas esquecidas

Eu preciso te contar o quanto me entristece ser sempre a culpada pelas burradas. Ter que pedir desculpas a cada erro. Levar a culpa pelo nosso bem, por nós, e nunca ouvir nada além do silêncio. Me entristece o modo como você deixa tudo chegar ao limite, antes de discutir, e não sabe conversar sobre os problemas antes que eles se tornem inevitáveis.

Ao final de toda discussão, eu me preparo para escutar o fim, porque você eleva tudo ao máximo, como se não houvesse outra saída, como se não adiantasse conversar no ponto em que as coisas chegaram. Você deixou chegar. Eu sou sempre pega desprevenida. Porque, como eu canso de dizer, minha cabeça funciona de outra forma. E você - tento eu não acreditar - jamais entenderá isso.

Me entristece, me chateia. Só porque eu gosto demais.

15 de janeiro de 2009

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

wristcutters

Eu lembro de estar muito ocupada para te perceber naquela noite. Meu amor, nós nunca fomos juntos ao chão. Eu já cai e te vi caindo, nos suportamos juntos. E só quando te observei daqui de cima pude sentir as palavras chegando.

Os olhos marejavam a cada passo seu, quanto menor a distância se tornava, mais rápido as lembranças percorriam minha mente. Tenha certeza do que você ouvirá e não aja com descaso, pois eu nunca minto. O rádio toca, eu não durmo, e sinto que há familiaridade entre nossos gestos.

A cabeça roda, ouço você respirar. Cada vez mais firme, cada vez mais firme. A gaita toca ao fundo enquanto teu cheiro chega antes de suas mãos me tocarem. É sua vez de agir. Desisto das palavras, dos gestos e da minha mente. Me faça esquecer do agora relembrando o que já se foi.

"To die by your side
Such a heavenly way to die"

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

a desordem

Só me diga quando,

e lá eu estarei. O que for preciso, do modo como for necessário. Te encontrarei quando o sol aparecer e suas mãos vagarem em minha procura. Ouvirei seu suspiro em meio ao caos e na janela em que você me espera te verei acenando após longos dias e noites sem te ter. Todas minhas lembranças então serão novamente realizadas, o estoque se acaba a cada minuto que passo fora de seu abraço e tudo que me conforta é o calor do pensamento. E quando sei que você faz o mesmo e me espera e me quer e me vê, mesmo longe, logo perto, me acalmo com a certeza de ...

Nunca me diga nunca.

Me pinte como sua rainha e na batalha que você trava todos os dias me tenha como recompensa. Serei o prêmio de suas vitórias, sua guia nas horas em que você pensar em desistir. E não diga que nunca seremos o que fomos antigamente. Não me deixe saber que você pensa do mesmo modo como eu, pois só assim perco as esperanças. Caia comigo, novamente, e se coloque em pé e me faça assim. Me veja de baixo e tenha a impressão de que tudo esta bem. Cubra seus olhos e os meus e nos faça acreditar no futuro. Não me deixe ir.



segunda-feira, 28 de setembro de 2009

achados e perdidos

Dos teus cabelos claros queria o mesmo brilho no olhar
O olhar cor de fogo que brilhava em seu peito e se apagou, se tornou azul
O mesmo azul do céu que ousei tocar e me perdi
Que me perdi tentando te achar

Encontrei a porta fechada e as cores me confundiam
Em qual entrar, aonde sairia?
Só as flores me remetiam a você
Mas sempre preferiu se esconder na escuridão

Roubou a estrela que agora habita seu peito
Minha luz caída do céu
Levou a contigo por uma vida
Sem que eu a reclamasse, sabendo que eu a perdia

No fim, me deu a mão
Me colocou em seu pedestal
Me trouxe a estrela, o brilho, o azul e o fogo de volta
Mas nada mais servia, só o tempo me tinha

...era tarde.