quarta-feira, 19 de maio de 2010

cut that city

Ela entrou no quarto, andou até a beirada da cama e se sentou. O barulho que vinha de fora chamou sua atenção por alguns segundos. Carros passando, pessoas falando, uma cigarra cantava. E em um segundo entrou em transe. Por que vivia aquela mentira? Por que se deixou levar? Porque permitiu que toda sua vida mudasse de rumo por um sentimento tão devastador, fraco, imediato?

Eram 3 horas da manhã. O silêncio tomava conta do espaço. Cada vez menos carro, menos pessoas falando e o mesmo som contínuo do canto da cigarra. Seus pensamentos ferviam. Ela parava para tomar fôlego antes de se afundar novamente no mar de emoções. Raiva, tristeza, amor, paixão. Onde ele estaria a essas horas? Novamente ele preferiu fugir a se despedir de mais um amor inacabado.

Antes fosse ela quem tivesse se desculpado pelos erros cometidos. Antes fosse ela quem tivesse desistido. Agora restava a dor, acompanhante da solidão. O canto da cigarra parou. Sua cabeça tombou contra os travesseiros. Os olhos fechavam enquanto as lágrimas escorriam. Era o fim de um momento. Como tantos outros momentos. Como tantos outros que mentem. Ela mentiu, se enganou e dormiu. Acordou preparada para uma nova verdade.

Um comentário:

pelvini disse...

já ouviu dizer que três horas da manhã, a hora morta, é quando os fantasmas estão mais alvoroçados que o comum?

vai ver são os nossos fantasmas, sei lá