segunda-feira, 25 de abril de 2011

it hurts instead

Naquele dia eu calcei meu par de tênis, deixei os chinelos de lado, fazia frio. Seria uma simples volta até a próxima esquina, onde prometi que compraria pães para o café da manhã. Ainda com os olhos semi-fechados desci no elevador, torcendo para que nenhum estranho cruzasse meu caminho. Durante os poucos passos até meu destino, pensava em como tudo tinha acontecido tão rápido. Há pouco tempo atrás você apareceu na minha vida e transformau tudo o que um dia eu chamei de rotina. Você desfez meus hábitos, mudou meus costumes, se encaixou em meus dias, horas e minutos. E nada se compara a sensação de ter novas memórias. De poder andar tranquilamente pela rua e sorrir quando lembro do teu olhar na noite passada, quando riamos juntos e você pareceu tão bobo tentando me animar após um dia duro de trabalho. Você me ouviu, esperou meu desabafo, me consolou e me fez sorrir. Nem em meus melhores sonhos te imaginei antes de te conhecer. Cinco pães, por favor. E bombas de chocolate. Nunca resisti a elas. E suco de laranja. Porque sei que você gosta de café, mas não dispensa o suco. São esses seus costumes saudáveis que você custa a abandonar. É sua coragem mesmo frente a minha recusa em te acompanhar. O sol não saiu hoje, as nuvens escuras prenunciam a chuva. A garoa logo cai sobre minha cabeça, por sorte tenho seu blusão velho com touca. Você me aquece. No elevador meus olhos estão mais alertas, o frio me deixou rosada e o cabelo escorre pela touca. Em casa, tudo como deixei. Você. Sigo até o quarto para te ver adormecido entre as cobertas. Deito ao seu lado, minha resistência foi mínima. Ouço sua respiração, observo seus últimos segundos de sono. Você abre os olhos e me observa.

- onde você esteve todo esse tempo?
- esperando por você.

domingo, 10 de abril de 2011

around us

Te li, te vi ali, como sempre, como nunca. A cada linha te descobria de formas e jeitos como se outra pessoa aparecesse em minha frente e interpretasse aqueles outros mil personagens que nunca estão na minha presença. E então eu ficaria só achando que não te conheço e pronto. Mas não. Você é muito maior que isso. Isso que você é para mim e que tantos outros não conhecem. Você é maior que inúmeras partes, você é só. Você. E todos os rostos e trejeitos perdem a importância quando o inteiro se apresenta e meu sorriso se estampa na cena perfeita. Aquela do sorriso que não se nota, que não se percebe, mas que em pouco tempo todos estarão comentando. “É só a garota do banco ao lado.”

tornado

e quando chegar a hora saiba que estarei longe. não que em minha cabeça você pense de outra maneira, mas quis deixar explicado antes de partir e ter de te dizer isso de algum modo que não esse. que também não é a melhor maneira de me fazer entender. você sabe que depois da primeira palavra eu já estaria derramando todas as lágrimas que cabem no meu peito. e são muitas, meu amor. guardadas, esperando pela sua aprovação, pela sua não-desaprovação que sempre me cala frente aos problemas, as discussões, você. e quando recebê-las, será só isso e nada mais, palavras escritas em uma carta que levam toda a verdade que deixei de compartilhar por anos e que agora, quando já nada existe, resolveram me amaldiçoar. então as torno livres. acreditando que desse modo assim me torno também.