quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

impressões

Você mexe com minha cabeça e quando penso que a situação se estabilizou, que os sentimentos atingiram um nível menos intenso e o corpo deixou de controlar as vontades, você reaparece e me atordoa o espírito. Então eu coloco todas as certezas em risco e em espera, sabendo que quando você desaparecer novamente só me restará a incompreensão e o telefone mudo.

A insistente presença dele já não é mais confortante e me deixa imaginando que, caso ele sumisse, talvez eu teria coragem de te levar adiante. Mas trato de dissipar as idéias da cabeça, pois sei que as suposições não se tornariam reais, meu medo continua atropelando a espontaneidade.

Encontro outros vários, na tentativa de te fazer menos importante. Converso com um, tão livre de todos os medos que você me causaria. Dou risadas com dois, sempre me surpreendendo com as palavras e lembranças. Penso no três, que, apesar de tão distante quanto você, me ilumina o olhar.

E paro perdida, entre café e estranhos, com a felicidade do que há por fora e a confusão que não cala a mente. Deixo os problemas suspensos e continuo a decorar a superfície com adjetivos.

"...brinquei com a paixão, brinquei com a ternura, brinquei com a ruptura, brinquei com a tristeza. Fiz o máximo na expressão da tristeza, como antes fizera o máximo na aparência da sedução. Às vezes me parece que nada fiz senão dar a aparência das idéias. Mas é de fato a única saída que nos cabe num mundo especulativo sem saída: produzir os signos mais satisfatórios de uma idéia...."
Baudrillard

2 comentários:

Milla disse...

Uma tentativa de desviar o que acontecerá de qualquer forma.

Impressão de fuga é o que parece, que busca uma auto-preservação absurda viu?

Humpf

;-)

Beijo Tata

Ogami disse...

Braudillard?

Eu nunca fui muito com os comteporâneos, mas tenho muito apreço por um que influenciara este em específico.
Muito mais antropólogico, mas ainda sim, a sua maneira, tão maravilhoso quanto.
Tem um ensaio dele ”L’expression obligatoire des sentiments”, um estudo antropológico sobre alguns hábitos de uma tribo aborígene australiana, mas enfim, ele diz assim:

“Mais même quand ils ne sont pas chantés, par le fait qu'ils sont poussés ensemble, ces cris ont une signification tout autre que celle d'une pure interjection sans portée. Ils ont leur efficacité.”
Marcel Mauss – 1921

SAP:

“Mesmo quando eles não estão cantando, pelo fato de terem sido colocados juntos, para esses seres isso tem um significado diferente do que simplesmente o resguardo sem nenhuma interação. Eles têm sua eficácia.”

Conduzindo tudo isso para nossa realidade de números, decepções e telefone mudo. Mesmo que vocês tenham sido colocados juntos e ainda que não exista mais interação entre vocês. Que só paire o receio sob os corações e o seco na garganta. Isso tem o seu motivo, o seu aprendizado e significância.
Independentemente de quando ele aparece, e mesmo que quando ele apareça você não "cante".Tudo tem um sentido. Tudo deve fazer um sentido para você.
Ele, você e os outros números não são as únicas peças do quebra-cabeças do momento, são apenas a beiradinha das 10mil que formam sua essência.
Não queira enquadrar nada antes de ter encaixado todas, não insista em colocar peças que já não encaixam naquela posição, embora ela seja praticamente perfeita para isso, ela não o é. Ela se encaixa em outro lugar...
Não sei se me fiz claro, espero que sim, lembrai do cancioneiro Caetano:
“...és o avesso do avesso do avesso do avesso...”

Cante mais...
...
Chega depois desse comentário enorme tenho certeza que ou me achará completamente maluco ou parcialmente afetado.
Huhauahhuah...
Enfim...

Au revoir dear

p.s.: Esse texto sim tem o seu jeito e o seu estilo Menina Talita. É ótimo.Parabéns!
p.s.2: Finalmente um comment do meu blog! Espero que continue assim...